Presidente da tunísia exonera 20 altos funcionários(Noticias)2021

 

Presidente exonera 20 altos funcionários

O Presidente da Tunísia, Kais Saied, exonerou, ontem, cerca de 20 altos funcionários governamentais, poucos dias depois da destituição do Primeiro-Ministro, Hichem Mechichi, e da suspensão do Parlamento por um período de 30 dias.


Na lista dos responsáveis exonerados, publicada no Diário Oficial do Estado tunisino, constam, entre outros,  procurador-geral da República,  secretário-geral do Governo,  director do Gabinete da Presidência do Governo,  chefe da Autoridade Geral para os Resistentes, Mártires e Feridos da Revolução e Operações Terroristas e ainda vários conselheiros do ex-Primeiro-Ministro.


 A crise política tunisina está a ser acompanhada com preocupação e com grande atenção pela comunidade internacional, que tem pedido contenção da violência e um regresso da estabilidade, inluindo em França, antiga potência colonial, que já apelou ao regresso do "normal funcionamento das instituições”.


Saied fala da migração e justifica detenções

Kais Saied afirmou, ontem,  que muitos jovens desesperados são pagos para abandonar ilegalmente o país em direcção à Europa, num dia que andou pela Avenida Bourguiba, a principal artéria de Tunes, sob apoios dos transeuntes. 

Saied assegurou que muitos jovens desesperados estão a ser pagos "por motivos políticos” para efectuarem a travessia do Mediterrâneo, e considerou que a intenção consiste em repetir a massiva imigração ilegal iniciada após a revolução tunisina de há uma década, "para além de prejudicar a imagem do país a nível interno e comprometer os laços com a Europa”.

Saied assumiu plenos poderes em 25 de Julho, suspendeu o Parlamento  alegando que  pretende "salvar” o país, assolado por meses de bloqueios políticos e um novo pico de Covid-19, com uma das taxas de mortalidade mais alta do mundo.

Após instaurar este regime de excepção, denunciado pelos seus adversários do partido de inspiração islamita, o Ennahdha, como um "Golpe de Estado”, Saied também retirou a imunidade dos deputados e ordenou diversas detenções nos últimos dias, com destaque  para dois deputados de partidos ultraconservadores .

Os deputados Maher Zid e Mohamed Affes estão em prisão preventiva no âmbito de um "inquérito da Justiça Militar”, indicou no Facebook Seifeddine Makhlouf, o chefe do Al-Karama.
Perante estas detenções, o partido Harak do ex-Presidente Moncef Marzouki emitiu um comunicado no qual exprime "profunda inquietação”. Esta formação, que não é aliada do Ennahdha num Parlamento muito fragmentado, condenou uma "deriva em direcção a um ajuste de contas político e à repressão das liberdades, ao contrário das garantias fornecidas pelo Chefe de Estado”.

Numa resposta às inquietações de assistir a um regresso do autoritarismo no berço das Primaveras Árabes, o Presidente Saied, 63 anos, frisou, sexta-feira, que "não deve existir medo” em relação à preservação dos direitos e liberdades na Tunísia.
E ao citar o ex-Presidente francês Charles de Gaulle, assegurou que já não está em idade de se tornar um ditador, justificando que  as prisões estão relacionadas com pessoas já perseguidas pela Justiça.

Ainda hoje, segundo a agência de notícias  France Press, a publicação nas redes sociais de uma canção que glorifica o Presidente pela sua gestão da crise também suscitou inquietações. Alguns internautas tunisinos denunciaram uma propaganda que recorda o regime do ex-ditador Zine El Abidine Ben Ali, derrubado na revolução de 2011.

Aparentemente impermeável a estas críticas, o jurista Saied, que mantém uma forte popularidade após a sua eleição em 2019 como candidato independente com mais de 70 por cento dos votos, decidiu,ontem, testar a reacção ao seu "golpe de força” e recebeu um banho de multidão nas ruas de Tunes.

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