História do Município da Caála

 

O Município da Caála está localizado na província do Huambo, região planáltica de Angola, e é considerado um dos municípios mais importantes tanto pela sua posição geográfica quanto pelo papel histórico e cultural. Fundada em 1650 (375 anos), com gentílico caalense, tem uma Área de 3 680 km² e uma população aproximada de 373 000 habitantes com densidade de 101 hab./km²

O nome Caála tem raízes nas línguas locais do grupo Umbundu, predominante na região. A área era conhecida tradicionalmente como um ponto de encontro de povos camponeses dedicados à agricultura, especialmente ao milho, razão pela qual a cidade ficou conhecida como “Rainha do Milho”.
Antes da formação do reino do Huambo, um dos grandes Estados ovimbundos, Caála era uma área de culto sob domínio do clã Nganda, no século XV, centrada na chamada Pedra Caué. Os ovimbundos da província do Huambo formaram-se pela fusão dos Nganda com dois clãs nômades vindo do Cuanza Sul, mais especificamente da região de Cela. Os clãs de Cela eram liderados por Wambu Kalunga e Sunguandumbu, que entraram em acordo com os Nganda para também se estabeleceram naquele local, a que deram o nome de Nganda-ya-Kawe, que também é grafado como Ganda-a-Caué ou Ganda de Caué. Estava assim formada a localidade de Caála, nas cercanias de 1650, que foi elevada a ombala (cidade-capital) do reino do Humabo. O reino teve como primeiro rei justamente a Wambu Kalunga.

Com o tempo o nome La-Kawhé ou Caué foi sendo modificado e adaptado até tornar-se o termo Caála, já no século XIX. Neste período, já era um próspero centro de comércio entre os ovimbundos e os portugueses, que se fixaram no litoral.

Caála permaneceu como ombala do reino do Huambo até o século XIX, quando intensas guerras na zona planáltica a devastou, fazendo com que a capital dos huambinos fosse transferida para Huambo-Cabral Moncada (atual Lépi).

Após alguns anos destruída e abandonada, o desenvolvimento de Caála retomou-se com a chegada do Caminho de Ferro de Benguela, em 1912. Pertenceu, até 1922, à circunscrição do Huambo. Entre 1922 e 1934 pertenceu à circunscrição do Lépi, quando esta foi transferida para a Caála. Em 1956 foi elevada a concelho.

Entre 1912 e 1970 designou-se Vila Robert Williams, em homenagem ao magnata britânico Robert Williams que impulsionou a construção do Caminho de Ferro de Benguela.

Em 15 de julho de 1970 passou à categoria de cidade e município, passando a designar-se Caála.
Em 2002, no fim da guerra civil angolana, Caála albergou um centro de ajuda humanitária dos Médicos Sem Fronteiras.

Durante a colonização portuguesa, a Caála foi um dos pontos estratégicos do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), que ligava o litoral (Benguela) ao interior (Huambo, Bié, até à fronteira com a RDC).

Esta ligação ferroviária transformou a região num centro de comércio e circulação de mercadorias, reforçando a importância da agricultura.

O município teve forte influência missionária, sobretudo com escolas e igrejas criadas por missionários católicos e protestantes.
Após a independência de Angola, em 1975, a região da Caála foi um dos palcos marcantes da guerra civil devido à sua posição estratégica no planalto central. Muitas infraestruturas foram destruídas, incluindo linhas férreas e edifícios públicos.

A população enfrentou deslocamentos e grandes dificuldades, mas manteve viva a cultura Umbundu e o espírito de resistência.
Com o alcance da paz em 2002, a Caála iniciou um processo de reconstrução socioeconómica. As autoridades locais e a população têm apostado na agricultura, comércio e pequenas indústrias, aproveitando o potencial agrícola da região.

O município tem crescido em termos de urbanização, educação, saúde e iniciativas culturais, tornando-se um dos principais polos do Huambo.

A Caála é um celeiro de tradições culturais Umbundu, destacando-se em danças, cânticos, gastronomia e artesanato. É berço de artistas, empreendedores e desportistas que têm levado o nome da região para todo o país. 

O município orgulha-se da sua identidade como terra de gente ordeira, trabalhadora e hospitaleira.
Elaboração: Jilson Katombela 
Edição e Correção: Geraldo Ramos
Fotos: Google


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